sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Violeiro e cantor Wilson Teixeira

wilson Teixeira





http://www.youtube.com/watch?v=wjYK4TKEBV4


Wilson Teixeira
Por Fernando Franco

Filho de Avaré, interior de São Paulo, na estrada desde os 17 anos e legítimo representante da verdadeira música regional brasileira, Wilsinho, como é carinhosamente conhecido, fez o lançamento oficial do seu primeiro CD, intitulado “Almanaque Rural”, no dia 27 de agosto de 2007, em noite com casa cheia no palco intimista do Teatro Crowne Hall Plaza, na Sala Yara Amaral, em São Paulo. Com o acompanhamento da banda Firme na Paçoca, formada por Renato Delírio (bateria e percussão), Ricardo Cabelo (violão aço 6 cordas), Vinícius bini (contrabaixo elétrico) e Caio Andrade (slide e cavaquinho), Wilsinho fez um show marcado pelo sentimento, belas canções e a presença de amigos, familiares e da imprensa. Homenageado pela Estância Turística de Avaré, Wilsinho abre no dia 20 de setembro a Feira Avareense de Música Popular – Fampop, que tem Zélia Duncan, Wandi Doratiotto, Zeca Baleiro, Guilherme Arantes e Os Trovadores Urbanos como principais atrações. Confira como pensa esse talento avareense das 10 cordas na entrevista exclusiva ao jornalista Fernando Franco, de Avaré.

Fernando Franco – Como foi a gestação do “Almanaque Rural” ?
Wilsinho Teixeira – O disco teve praticamente três anos de produção. Iniciei as gravações em janeiro 2004 e a finalização aconteceu em janeiro de 2007. Pra mim foi uma experiência incrível, pois esse é o primeiro disco que produzo. Fiz os arranjos, convidei os músicos, enfim, toda a concepção do trabalho é “culpa” minha (risos).
FF – É um disco conceitual ?
WT – Com certeza. Existe um eixo norteador. O título do CD veio a partir das músicas que eu já tinha. Então, tudo está interligado, ou seja, a música, o título do trabalho e a concepção.
FF – Por que o nome “Almanaque Rural” ?
WT – Trabalho de uma maneira muito intuitiva com as letras e os arranjos. Muitas vezes, não sei o porque escrevo certas palavras, frases e mesmo trechos de músicas. Há tempos fiz uma música que contém muitas imagens e recortes de imagens. Essa música chamava-se “Mistura fina”, que acabou sendo rebatizada de “Almanaque Rural”. No entanto, ela acabou não entrando no CD, mas deu nome ao disco e deve estar no próximo trabalho.

FF – Fale um pouco dos parceiros neste primeiro CD.
WT – É muito difícil encontrarmos pessoas para fazer parcerias musicais. É uma química que rola ou não. No meu caso, como sei muito bem o caminho que quero trilhar, tenho que ter muita liberdade com o compositor ou letrista. Então, os poucos parceiros que tenho, são parceiros que aceitam esse meu controle sobre a música. Por exemplo, a música “Trem de verão”, parceria com Adilson Casado, é o resultado de um longo bate-bola até chegarmos na música final. Participam do CD, como parceiros, Salatiel Silva, Reinaldo Luz, Juca Novaes, Adilson Casado e meu pai, o jornalista Wilson Ogunhê.

FF – Como músicos convidados há grandes nomes no CD “Almanaque Rural”. Como isso foi possível?
WT – Tive a alegria e a honra de ter como músicos convidados no meu primeiro CD Tuco Marcondes, Sizão Machado, Toninho Ferragutti, Priscila Brigante, Mauricio Lourenço, Teco Cardoso, Robson Fernandes, Vlad Carvalho, Oswaldinho, Vinicius Binny e Douglas Alonso. São excelentes músicos e amigos de verdade. Eles estão na estrada há muito tempo e são experientes.

FF – Antes de iniciar carreira solo, com quem você tocava ?
WT – Fiquei, durante seis anos, tocando piano e violão com a banda “Os Binnys”, na noite de São Paulo, quando conheci e pude conviver com o baixista Vinicius Bini e muitos outros músicos da noite paulistana.

FF – Percebe-se na sua música nítidas influências do violeiro Almir Sater, Rolando Boldrin, Renato Teixeira, Pena Branca & Xavantinho, Tião Carreiro & Pardinho, Geraldo Azevedo, Zé Ramalho, Lenine, Zeca Baleiro, e outros nomes da música brasileira, além de representantes do violo folk americano como Simon and Garfunkel, James Taylor, Cat Stevens, etc. Fale de suas influências.
WT – Acho que todos esses músicos misturam a música caipira com música urbana. No meu caso, acredito que eu pego o que eles já fizeram e misturo isso com as minhas influências. Ou seja, é como pegar a síntese que eles já fizeram entre a música rural e urbana e fundir novamente com outras referências, minhas principais influências, livros, discos e experiências. Meu trabalho tem agradado tanto quem gosta de música popular brasileira (MPB) quanto quem gosta de música caipira.

FF – Como a viola caipira apareceu na sua vida ?
WT – Quando conheci a jovem dupla caipira Otávio Augusto & Gabriel fiquei fascinado pelo som da viola, pois um deles é violeiro. Tive, então, o primeiro contato com o som da viola caipira e disse para mim mesmo: caramba... Bem, isso foi lá pelos idos de 2001...

FF – Foi uma espécie de volta as origens ?
WT – Sim. Acredito que essa aproximação teve a ver com a busca das minhas raízes. Quando vim para São Paulo, comecei a olhar mais para minha cidade natal, minha terra, minhas origens mesmo. Daí, isso me fez decidir pela viola. Lembro que o Alceu Valença falou que ele só se decidiu pela música que faz hoje depois de morar um período na França, ou seja, a distância, a saudade e a necessidade de cantar as coisas de sua terra e passar uma verdade nisso, foi que forçou ele ser o que é hoje.

FF – Eu ouvi uma música nova sua através do músico Eduardinho Teixeira (Avaré/SP) e de sua mãe Zezé e gostei da intenção. Como está o trabalho para o segundo CD?
WT – Essa música a qual você se refere é “Rei da alegria”, parceria minha e de Evandro Campeon, compositor pernambucano. É uma música que eu gosto muito e tem influência direta do xote, com pitada de folk e blues. Por outro lado, o xote tem um toque do reggae. Então, o segundo disco já está a caminho. Tenho pelo menos seis novas canções prontas, mas ainda não tenho o título do trabalho. Tenho que pensar na concepção, pois não é apenas juntar as músicas...
FF – As músicas “Saga” e “Terra do verde, da água e do sol”, do seu primeiro CD, chamam muito a atenção pela força e lirismo da poesia. Parece que você continua em plena busca pelo som definitivo. É uma espécie de metapoesia musical? Fale sobre isso.
WT – Tanto “Saga” e “Terra do verde...” tem uma coisa de quem está em trânsito, procurando mesmo alguma coisa. Minha música é, antes de mais nada, uma pergunta. Faço música porque eu não sei. Faço música buscando um caminho, ou seja, qual o verdadeiro sentido de se fazer música.




sábado, 12 de janeiro de 2008

Agenda Cláudio Lacerda


Agenda


Janeiro
10 - Rio de Janeiro / RJ

evento fechado


25 - TV Aparecida (36 UHF) - Programa "Espaço Vida"

07, 12:30 e 17hs



26 - São Francisco Xavier / SP - Photozofia

21 hs -

reservas (12) 3926-1406


Biografia
Dedicado, desde 2000, à pesquisa e composição de músicas regionais, Cláudio Lacerda é um dos talentos mais promissores desse gênero que já produziu reconhecidos nomes como Renato Teixeira, Almir Sater, Paulo Simões e outros.


Descendente de mineiros, Cláudio sempre esteve ligado por influência familiar à música regional, elo reforçado no período em que realizou sua graduação em zootecnia, em Botucatu, SP, região conhecida como um dos berços da música caipira paulista (de lá saíram Raul Torres, Angelino de Oliveira e Serrinha).


A carreira solo se efetivou com o CD "Alma Lavada", produção independente de 2003, distribuído pela Tratore, cujo lançamento se deu no Theatro São Pedro, na cidade de São Paulo. Em 2004, Cláudio venceu o I Prêmio Nacional de Excelência da Viola Caipira, na categoria de melhor intérprete – iniciativa da Revista Viola Caipira, de Belo Horizonte / MG. Neste mesmo ano, realizou uma série de quatro shows no Teatro Crowne Plaza, em São Paulo, com participações especiais de Paulo Simões, Alzira e Tetê Espíndola, Miriam Mirah e Zé Paulo Medeiros.


Em 2005, participou do projeto "Prata da Casa" e do "Amostra Prata da Casa" com os melhores do semestre, promovido pelo Sesc Pompéia, em São Paulo. Ainda em 2005, estreou o show "Alma Caipira", uma homenagem aos grandes compositores do gênero e ponto de partida para um projeto maior, que resultará na pesquisa e edição de um livro-almanaque sobre a história da música caipira e um DVD de entrevistas com alguns daqueles que a fizeram. Para esse projeto, Cláudio conta com a parceria do escritor, pesquisador e jornalista Luís André do Prado, autor de "Cacilda Becker – Fúria Santa".


Em 2006 integrou a lista de artistas selecionados para a Pauta Funarte de Música Brasileira, projeto promovido pelo Ministério da Cultura. Gravou também neste ano, seu segundo CD, o independente “Alma Caipira”, cujo lançamento se deu em maio de 2007 no Teatro do Sesc Pompéia, com participação especial de Pena Branca. O CD chamou a atenção de críticos especializados e ganhou matéria de capa do caderno de cultura do jornal “O Estado de São Paulo”, assinada por Lauro Lisboa Garcia. Dentre alguns programas de televisão que receberam Cláudio para a divulgação de seu novo CD se destacam: “Sr. Brasil” com Rolando Boldrin e “Viola minha viola” com Inezita Barroso - ambos na TV Cultura - e “Hebe” com Hebe Camargo no SBT.


fonte: http://www.claudiolacerda.com.br/

CANTORIA EM SÃO PAULO


CANTORIA EM SÃO PAULO

A Pluricultural e o espeço Clube da Cana estão promovendo neste sabado dia 12/01 o "TRIBUTO A CANTORIA COM HOMENAGEM AO ELOMAR" com o cantador Dell Miranda e convidados.


Uma noite de voz e violão em que o artista apresentará além de suas composições, fará uma releitura desse importante movimento da musica brasileira, executando versões de classicos do estilo Cantoria e de cantadores como Dercio Marques, Xangay, Geral Azevedo, Zezinho Colares, Jatobá, Edigar Mão Branca entre outros. O artista ainda fará um passeio pelos cocos de Jacinto Silva, Jackson do Pandeiro e ritmos do folclore brasileiro.


Na abertura será feita uma homenagem ao grande mestre Elomar em um modulo todo dedicado a esse que é um dos mais importantes artistas brasilieros. Serão executadas versões de musicas como Campo Branco, Canto do Guerreiro Mongoió, Arrumação, Curvas do Rio, O Violeiro e outras perolas do mestre.


DELL MIRANDA EM

"TRIBUTO A CANTORIA COM HOMENAGEM AO ELOMAR"

Local: CLUBE DA CANA

Endereço: Rua Barão de Tatuí, 274, Santa Cecília, São Paulo

Reservas e informações: (11) 3663.1171

Dia 12/01 sabado às 20:30


DELL MIRANDA


Sergipano de Aracaju, cidade inserida em um território rico em cultura popular, berço de importantes folguedos que compõe o cenário da arte brasileira, terra de Arthur Bispo do Rosário, Santo Souza, Silvio Romero, entre outros ilustres que assim como esses, fizeram arte através da cultura popular, está também à figura de Wendell da Silva Miranda ou apenas Dell Miranda, cantador que construiu sua identidade na raiz do que seus olhos de criança viram a vida inteira: folguedos, repentes, cocos, quadrilhas juninas, excelências, pífanos, cordel e viola.


Com a proposta de renovar a musicalidade dita regional em suas varias vertentes, uma vez que suas influencias transitam por diversos sons e ritmos, entre eles estão presentes também o blues, o rock e a soul music, o que torna o trabalho produzido por esse artista, pluricultural, permitindo apenas um rotulo: eclético.


Temáticas regionais, essa é a principal base de sua identidade musical em especial e à frente de todas elas está o Coco, a grande arte de inverter o tempo dentro do mesmo ritmo, quebrar a frase, esticar uma palavra e encurtar outra e no final chegar na hora certa sem perder o tempo, isso é coco.


Dell Miranda, ex-guitarrista da banda Karne Krua, integrante do quarteto de cantoria “Cantadores dos Quatro Cantos”, fundador da banda Batequejé, produtor cultural, violonista, compositor, pesquisador da cultura popular, definitivamente artista.




ELOMAR

por Vinicius de Moraes.


"A mim me parece um disparate que exista mar em seu nome, porque um nada tem a ver com o outro, No dia em que "o sertão virar mar", como na cantiga, minha impressão é que Elomar vai juntar seus bodes, de que tem uma grande criação em sua fazenda "Duas Passagens", entre as serras da Sussuarana e da Prata, em plena caatinga baiana, e os irá tangendo até encontrar novas terras áridas, onde sobrevivam apenas os bichos e as plantas que, como ele, não precisam de umidade para viver; e ali fincar novos marcos e ficar em paz entre suas amigas as cascavéis e as tarântulas, compondo ao violão suas lindas baladas e mirando sua plantação particular de estrelas que, no ar enxuto e rigoroso, vão se desdobrando à medida que o olhar se acomoda ao céu, até penetrar novas fazendas celestes além, sempre além, no infinito latifúndio.


Pois assim é Elomar Figueira de Melo: um príncipe da caatinga, que o mantém desidratado como um couro bem curtido, em seus 34 anos de vida e muitos séculos de cultura musical, nisso que suas composições são uma sábia mistura do romanceiro medieval, tal como era praticado pelos reis-cavalheiros e menestréis errantes e que culminou na época de Elizabeth, da Inglaterra; e do cancioneiro do Nordeste, com suas toadas em terças plangentes e suas canções de cordel, que trazem logo à mente os brancos e planos caminhos desolados do sertão, no fim extremo dos quais reponta de repente um cego cantador com os olhos comidos de glaucoma e guiado por um menino - anjo a cantar façanhas de antigos cangaceiros ou "causos" escabrosos de paixões espúrias sob o sol assassino do agreste.


Elomar nasceu em Vitória da Conquista, cidade que também deu vez a Glauber Rocha e Zu Campos, e depois de formar-se em arquitetura pela Universidade Federal da Bahia, ocupa atualmente o cargo de Diretor de Urbanismo em sua cidade. Mas do que gosta realmente é de sua caatingueira, uma das mais ásperas do sertão brasileiro, onde cria bodes e carneiros. Já me foi contado que um de seus reprodutores, o famoso bode "Francisco Orellana", quando a umidade do ar apresenta seus índices mais baixos - que usualmente é 10 graus - senta-se em posição estratégica sobre as patas traseiras e não se peja de urinar na própria boca, de modo a aproveitar, num instintivo e engenhoso recurso ecológico, a própria água do corpo para dessedentar-se


E tem a onça. Vez por outra, a madrugada restitui a carcaça sangrenta de um bode ou um carneiro, e todas as preocupações cessam, a não ser chumbar a bicha. E a conversa entre os fazendeiros fica sendo apenas essa: onça, suas manias, suas manhas, seus pontos fracos.


Todo mundo se oncifica. Elomar sai à noite para tocaiá-la, e quando a avista só atira nela de frente.- Um bicho que vem de tão longe para matar meus bodes, esse eu respeito! - diz ele em seu sotaque matuto (apesar da boa cultura geral que tem) e que faz questão de não perder por nada, enojado que está da nossa suposta civilização.


Quando lhe manifestei desejo de passar uns dias em sua companhia e de sua família (Elomar é casado e tem um par de filhos, sendo que a menina tem o lindo nome de Rosa Duprado) para descobrir, em sua companhia e ao som do excelente violão que toca, essas estrelas reconditas que já não se consegue mais ver nos nossos céus poluídos, Elomar me disse:- Pode vir quando quiser. Deixe só eu ajeitar a casa, que não está boa, e afastar um pouco dali minhas cascavéis e minhas tarântulas...


É... Quem sabe não vai ser lá, no barato das galáxias e da música de Elomar, que eu vou acabar amarrando um bode definitivo e ficar curtindo uma de pastor de estrelas..."


Vinícius de Moraes

Abril de 1973